·
D. Maria Ana Josefa de Áustria:
A personagem
D. Maria Ana é apresentada como uma rainha triste e insatisfeita que vive um casamento
de aparências, onde as regras e as formalidades se estendem até o leito
conjugal, fazendo do acto de amor com el-rei um encontro frio, programado e
indiferente, que tem como maior objectivo o milagre da fecundação. É sobretudo
este aspecto que leva el-rei D. João V a fazer uma promessa de levantar um
convento em Mafra, caso a concepção ocorresse.
·
Bispo Inquisidor:
D. Nuno da Cunha ou Bispo Inquisidor que leva frei António
de S. José à presença de D. João V.
·
Frade franciscano:
Frei António de São José é o
franciscano que alega ter tido a premonição na qual diz que o rei terá a tão
desejada sucessão se este construir um convento franciscano. Perante esta
condição, D. João V promete construir um convento em Mafra se tiver
um filho varão dentro de um ano a partir desse mesmo dia. É revelado no romance
pelo narrador que esta premonição é falseada pelo clero, pois este já
sabia da gravidez da rainha através do confessionário, com a revelação de
mais "milagres" produzidos pela ordem franciscana ou que são apenas
coincidências.
·
Domenico Scarlatti:
Primeiramente professor do
infante D. António, irmão de D. João V, passando depois a ser professor da
infanta D. Maria Bárbara. Exerceu assim as funções de mestre-de-capela e
professor da Casa Real de 1720 a 1729, durante a qual escreveu diversas peças
musicais. Com tais dados registados na História oficial, esta personagem
referencia ainda mais uma credibilidade ao enquadramento histórico da
narrativa.
Embora contratado pelo rei, é
também um representante de contra poder devido à sua liberdade de espírito e
pelo o seu poder libertador e subversivo da sua música. Como tal, a convite do
padre Bartolomeu, é um participante do projecto da passarola, embora indirectamente,
como um cúmplice silencioso. Deste modo o narrador une a ciência e
a arte, e demonstra como ambas são reveladoras de um espírito de inovação,
de tolerância e de abertura ao progresso e à modernidade.
Assim, Scarlatti instala
secretamente o seu cravo para a Quinta do Duque de Aveiro, onde toca a sua
música e inspira os construtores da passarola. Mais tarde, quando Blimunda ficou
com uma estranha doença causado pela exaustão da recolha das vontades, o músico
tocava frequentemente para Blimunda até provocar a sua cura completa.
Deste modo é revelado que a
música, aliada ao sonho, permite a cura e ajuda a conclusão e o voo da
passarola, simbolizando o ultrapassar, por parte do homem, de uma materialidade
excessiva e o atingir da plenitude da vida.
A amizade deste com o padre
Bartolomeu, originada pela compreensão e pela partilha das mesmas ideias e
sonhos, representa a articulação entre a cultura e o humano, entre o saber e o
sonho, entre o conhecimento e o desejo.
Por fim, Scarlatti é o mensageiro
da morte do padre Bartolomeu a Blimunda e Baltasar.