quinta-feira, 12 de abril de 2012

De Tarde - Cesário Verde

Naquele pic-nic de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.

Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.

Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o Sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia.

Mas, todo púrpuro a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!

Análise
·         O poema "De Tarde" é um exemplo de arte parnasiana, narrativa e plástica, desejosa de naturalidade e de plena consecução formal.

·         Espaço  (campestre) - "um granzoal", "em cima duns penhascos".

·         Tempo - "De tarde", "Pouco depois.../...inda o sol se via".

·         Personagens -"burguesas", "tu", "Nós".
·         Acção - um "pic-nic", "descendo do burrico, / Foste colher... (...) / Um ramalhete rubro de papoulas", "Nós acampámos  (...) / E houve talhadas de ..." .

 

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