Considera que “pensar é estar doente dos olhos”, ver é
conhecer e compreender o mundo, por isso pensa vendo e ouvindo. Além disso,
Caeiro é o poeta da Natureza, que está de acordo com ela e a vê contente a sua
renovação. E porque só existe a realidade, o tempo é ausência de tempo sem
passado, presente ou futuro, pois todos os instantes são unidade do tempo.
Caeiro só se interessa por aquilo que capta pelas sensações.
Nesta medida, é um sensacionista. Vive aderindo espontaneamente às coisas, tal
como são, e procura gozá-las com despreocupação o conteúdo original da
Natureza. Mestre de Pessoa e dos outros heterónimos. Dá especial importância ao
acto de ver, mas é sobretudo a inteligência que discorre sobre as sensações.
Passeando e observando o mundo, personifica o sonho da reconciliação com o
universo, com a harmonia pagã e primitiva da Natureza.
Caeiro, com a intelectualidade do seu olhar, liberta-se dos
preconceitos, recusa a metafísica, o misticismo e o sentimentalismo social e
individual.
Alberto Caeiro olha para os elementos da Natureza e está
sempre atento (animal humano que a natureza produziu). O pensamento, para ele,
gere infelicidade, dor de pensar.
Criança Desconhecida
Criança desconhecida e suja brincando à minha porta,
Não te pergunto se me trazes um recado dos símbolos.
Acho-te graça por nunca te ter visto antes,
E naturalmente se pudesses estar limpa eras outra criança,
Nem aqui vinhas.
Brinca na poeira, brinca!
Aprecio a tua presença só com os olhos.
Vale mais a pena ver uma cousa sempre pela primeira vez que conhecê-la,
Porque conhecer é como nunca ter visto pela primeira vez,
E nunca ter visto pela primeira vez é só ter ouvido contar.
O modo como esta criança está suja é diferente do modo como as outras estão sujas.
Brinca! pegando numa pedra que te cabe na mão,
Sabes que te cabe na mão.
Qual é a filosofia que chega a uma certeza maior?
Nenhuma, e nenhuma pode vir brincar nunca à minha porta.
Não te pergunto se me trazes um recado dos símbolos.
Acho-te graça por nunca te ter visto antes,
E naturalmente se pudesses estar limpa eras outra criança,
Nem aqui vinhas.
Brinca na poeira, brinca!
Aprecio a tua presença só com os olhos.
Vale mais a pena ver uma cousa sempre pela primeira vez que conhecê-la,
Porque conhecer é como nunca ter visto pela primeira vez,
E nunca ter visto pela primeira vez é só ter ouvido contar.
O modo como esta criança está suja é diferente do modo como as outras estão sujas.
Brinca! pegando numa pedra que te cabe na mão,
Sabes que te cabe na mão.
Qual é a filosofia que chega a uma certeza maior?
Nenhuma, e nenhuma pode vir brincar nunca à minha porta.