quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Simbologia em Memorial do Convento


Memorial do Convento é uma obra onde podemos encontrar uma enormidade de elementos simbólicos. Para além de objetos, as personagens, os números, os espaços, parece que tudo tem um valor simbólico importantíssimo. Aqui ficam os símbolos e respectivo valor:

  • Convento de Mafra - representa a ostentação régia e o místico religioso. Mas também testemunha a dureza a que o povo está sujeito, a miséria em que vive, a exploração a que é sujeito apesar da riqueza do país;
  • Passarola voadora - simboliza a harmonia entre o sonho e a sua realização, o desejo de liberdade. Permitiu a união entre Bartolomeu Lourenço, Baltasar e Blimunda, que juntaram a ciência, o trabalho artesanal, a magia e a musica para construir e fazer voar a passarola. Símbolo de fraternidade e igualdade capaz de unir os homens cultos e os populares;
  • Blimunda - representa um elemento mágico difícil de explicar: possui poderes sobrenaturais que lhe permite compreender a vida, a morte, o pecado e o amor. Através de Blimunda o narrador tenta entrar dentro da história da época e denunciar a moral duvidosa, os excessos da corte, o materialismo e hipocrisia do clero, as perseguições e injustiças da inquisição, a miséria e diferenças sociais;
  • Número “sete” - é o número de dias de cada ciclo lunar, que regula os ciclos de vida e da morte na Terra. Símbolo de sabedoria e de descanso no fim da criação;
  • Baltasar Sete-Sóis / Blimunda Sete-Luas - o sol símbolo de vida, associa-se ao povo que trabalha incessantemente, como o próprio Baltasar, apesar de decepado. a lua não tem luz própria, depende do sol, tal como Blimunda depende de Baltasar. A lua atravessa fases, o que representa a periodicidade e a renovação;
  • Cobertor - símbolo de afastamento, da separação que marca o casamento de convivência entre o rei e a rainha. Liga-se à frieza do amor, à ausência do prazer, esconde desejos insatisfeitos;
  • Colher - símbolo de aliança, da “união de facto”, de compromisso sagrado. Exprime o amor autêntico numa relação de paixão, a atracção erótica de um casal que desenvolve uma calorosa paixão;
  • Mãe da Pedra- Outra situação-acontecimento de cariz mítico em Memorial do Convento constitui-se com a gesta heroica, epopeica, do transporte da pedra gigante de mármore, a mãe da pedra, de Pêro Pinheiro para Mafra. O tamanho gigantesco da pedra, o carro especialmente construído para o seu transporte, as duzentas juntas de bois e os seiscentos homens necessários para o puxarem, os difíceis obstáculos do caminho, à semelhança das narrativas de heróis clássicos, em que se anunciam os “trabalhos” fabulosos que terão de ser contornados e o esforço imperioso, mais do que humano, que terá de ser despendido.



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